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    Realizados anualmente, desde 2011, sempre com o apoio da FAPESP, os Colóquios Internacionais de Humanidades e Humanização em Saúde do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde (CeHFi) da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) já se configuram como um dos elementos mais importantes para a consolidação e desenvolvimento da linha de pesquisa “Humanidades, Narrativas e Humanização em Saúde”.

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     Tal linha, iniciada há pouco mais de cinco anos, deriva, em grande medida, pelas discussões sobre o tema da humanização em saúde e, também, pelos interessantes desdobramentos, de uma experiência formativa desenvolvida no âmbito da Escola Paulista de Medicina. Essa experiência é fundamentada na leitura e discussão de obras clássicas da literatura universal e foi denominada Laboratório de Humanidades. A partir disso, foi elaborado um projeto de pesquisa intitulado “As Patologias da Modernidade e os Remédios das Humanidades: investigação e experimentação”, que pretendeu problematizar os pressupostos teórico-filosóficos que fundamentam as políticas e programas de humanização propondo uma abordagem em duas vertentes: a) uma análise “arqueológica” dos conceitos de humanismo em que se propôs investigar as diversas concepções antropológicas produzidas na Modernidade que determinaram as diferentes perspectivas da humanização; b) uma investigação acerca do papel das Humanidades enquanto meio de humanização efetiva no âmbito da saúde, a partir da análise qualitativa de uma experiência educacional concreta: o Laboratório de Humanidades.

 

    Na confluência entre a investigação e a experimentação, o projeto procurou compreender em que medida a desumanização pode ser vista como “sintoma patológico” da Modernidade e, ao mesmo tempo, até que ponto a experiência das Humanidades pode ser apresentada como um “remédio” ou caminho de humanização no âmbito da saúde.

 

   Respondendo aos objetivos específicos e resultados esperados delineados no mesmo projeto, foi possível também estruturar uma verdadeira rede de pesquisa, envolvendo colaboradores nacionais e internacionais, que redundou na organização e realização dos três primeiros colóquios internacionais sobre o tema “Humanidades e Humanização em Saúde”.

 

   Paralelamente a todo esse trabalho e realizações no âmbito temático abarcado pelo projeto “Patologias da Modernidade e Remédios das Humanidades”, outra linha de pesquisa esteve também em pleno desenvolvimento no CeHFi: o da História Oral e Narrativas em Saúde, que foi iniciada em 2007, a partir de um grande e importante projeto de pesquisa, “75X75: 75 histórias de vida para contar os 75 anos da Escola Paulista de Medicina da UNIFESP”.

 

        Estruturada, no início, a partir de trabalhos de pesquisa que propunham a abordagem da História Oral como meio de resgatar a história e a memória de saberes, instituições e práticas na área da saúde, muito rapidamente, entretanto, a linha se ampliou, congregando trabalhos que, através desta metodologia, visavam resgatar e compreender a experiência subjetiva dos sujeitos envolvidos no processo saúde-doença: pacientes, profissionais da saúde, familiares de pacientes, educadores, pesquisadores.

 

      Assim, no delineamento dos objetivos e dos referenciais teóricos desses novos projetos, foi-se configurando uma aproximação cada vez maior com os temas e abordagens da linha de pesquisa “Humanidades e Humanização em Saúde”.

 

    Concomitantemente, o desenvolvimento dos trabalhos de pesquisa vinculados ao projeto “Patologias da Modernidade e Remédios das Humanidades”, justamente por buscarem compreender os fenômenos da desumanização e da humanização a partir das vivências dos sujeitos envolvidos nos diferentes processos, passaram a se utilizar das narrativas e da História Oral de Vida como abordagem metodológica preferencial e a partir do segundo semestre de 2013, os dois grupos de estudo, que vinham, até então, trabalhando separadamente, foram unificados, assim como as duas linhas de pesquisa correspondentes.

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       Desde então, algumas ideias e conceitos que ainda estavam latentes no projeto regular “Patologias e Remédios” passaram a se apresentar como elementos chave nesta nova fase do grupo de pesquisa, destacando-se, particularmente a noção de narrativa e seu conceito, que emergiu então, como denominador comum e elemento de unificação.

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      Partindo da perspectiva de autores como Paul Ricouer, que entende narrativa como um “modo de expressão do caráter temporal da experiência humana” e de Roland Barthes que aponta para o seu caráter “amplo e transcendente”, ou seja, para além da literatura e da história, pôde-se observar como, tanto os projetos que se centravam na temática da literatura como meio de humanização, quanto os que partiam da metodologia da História Oral de Vida como meio de produzir fontes sobre a experiência subjetiva de pacientes e profissionais da saúde, todos estavam trabalhando a partir do mesmo elemento essencial: a narrativa. Portanto, nesta nova fase de nosso trabalho, começamos a vislumbrar com clareza a linha ou caminho de ligação entre ambos: o das Narrativas – sejam elas “ficcionais” ou “verdadeiras”, orais ou escritas, científicas ou artísticas, verbais ou não-verbais.

 

      Assim, a realização de eventos como o Colóquio Internacional de Humanidades e Humanização em Saúde, apresenta-se como um dos recursos mais significativos desta linha de pesquisa. 

 

Para saber mais sobre a linha de pesquisa, clique aqui.

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